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MANUEL VILARINHO, obras recentes
      Uma pintura e duas séries de desenhos de 2006 integram esta exposição. A pintura convoca a paisagem, assume contornos urbanos e foi realizada primeiro. Intitula-se "A Casa do Pintor, a Perna do Escultor e o Desenho do Arquitecto". Esta paisagem semi-urbana apresenta-se desoladamente fria, mas à escala do Homem. No título, três áreas que se cruzam visual e artisticamente nos espaços que habitamos ou percorremos com o olhar. Na tela, figurações diversificadas, em três níveis espaciais, remetem as três criações referidas no título para os seus atribuídos criadores disciplinares.
      Mas quem é quem, e autor de quê, nesta pintura?
      A casa de pé, construída, está sugerida por pinceladas de cor lisa. É pois, seguramente, obra de pintor.
      A perna, talhada como se de madeira e de um brinquedo se tratasse, foi esculpida por quem?
      O desenho de arquitectura, um desenho de uma casa deitada, ou planta, é afinal pintura.
      Onde estão as fronteiras entre estas áreas disciplinares? E quando o que se trata aqui é de pintura, ou melhor, se parece tratar, é também de cruzamento de fronteiras, de especificidade e abertura que se reflecte nesta tela, e no conjunto da exposição. Representação e ilusão passam também por aqui.
      Desta pintura surgiu a ideia que deu corpo à série de onze desenhos intitulada "Espaços na Cidade" que propõe um olhar fragmentário e múltiplo de alguém que percorre a cidade. Nas diferentes zonas da folha de papel, materiais múltiplos procuram registar a surpresa e a estranheza de algumas associações inesperadas entre espaços da cidade. Nestas folhas, a linha traçada a régua e esquadro surge a par das manchas de tinta azul e vermelha, e de muitas outras inscrições rápidas, nervosas, ou levemente marcadas sobre papel de cor "crépuscule". São testemunhos do olhar de peão e de todos aqueles que da cidade retêm a visão aérea e a visão poética.
      Chegou então o momento de interromper o passeio pela cidade e entrar em casa. Aparece assim a série de cinco desenhos "Interior com Luz Acesa". Esta casa em silêncio parece branca. Acende-se a luz eléctrica, e como há amarelo no tubo de tinta, regista-se esse momento na folha de papel branco. Surgem pois estes desenhos que falam graficamente de espaços arquitecturais e picturais.
      A Giefarte, em Lisboa, mostra estas obras recentes do pintor Manuel Vilarinho de 6 de Março a 13 de Abril de 2007.
 
Giefarte, Lisboa