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PINTURA 2001-2009
MANUEL VILARINHO

      Foi António Rodrigues quem, a propósito de um artista demasiado subvalorizado do século XIX, Alfredo Keil, inventou a expressão "estética do passeio" para um sentir diferente da paisagem. No caso de Manuel Vilarinho (n.1953) muita gente tem implicitamente nomeado uma estética da viagem que talvez fosse melhor designar por estética da deambulação, especialmente agora, por altura desta sua última exposição onde a viagem uma vez mais se amplia, ou se transforma, atravessando os domínios da palavra escrita, melhor dizendo, da literatura. Manuel Vilarinho soube sempre aliar uma grande coerência formal, feita da continuidade das suas experiências em pintura e desenho, com uma grande capacidade de deslocação das suas viagens, sempre diferentes, onde o concreto e o abstracto, a presença e a memória, mutuamente se cruzavam e equilibravam, num universo de fragmentos que a cada passo se reconstruía. Agora, o universo da leitura, Anna Akhmatova, Robert Walser, Nabokov ou o passeio em busca da presença ausente de um filósofo na "Estrada para Todtnauberg" (Heidegger), são outros tantos caminhos que, não conduzindo embora a parte alguma, se afirmam como outros tantos trilhos de uma antiga prática: a pintura.
 
José Luís Porfírio